sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O Resgate do maracatu de Glóriado Goitá

  José Fernando da Silva saiu de Glória do Goitá há 12 anos com um objetivo claro: resgatar uma nação de maracatu e passar a viver dela, depois de ter passado a vida inteira em outras nações.
Percorreu várias cidades da Zona da Mata sem sucesso. Não desistiu. Até encontrar o Maracatu Leão das Cordilheiras, em Carpina. O herdeiro havia falecido e o maracatu estava mergulhado no marasmo há anos, pois a família não quis dar continuidade ao legado do mestre. "Procurei, me ofereci para tomar conta a partir dali, trazendo-o para Glória do Goitá e investindo tudo que podia", explica José Fernando, o Zé Duarte, diretor do Maracatu Leão das Cordilheiras desde 2006, cuja sede fica justamente dentro de sua pequena casa no bairro Nova Glória.

     Aos 40 anos, Zé Duarte está ciente de sua juventude frente ao legado que data de 1946 do Leão das Cordilheiras. E não esconde a expectativa quando admite estar desempregado, vivendo exclusivamente do pouco que consegue com o carnaval e em datas festivas em cidades próximas. Ele foi o segundo contemplado em Glória do Goitá do prêmio Humberto de Maracanã - Culturas Populares do Ministério da Cultura.

    Com apenas cinco pessoas na família para gerenciar o maracatu, confeccionar as roupas e cuidar do orçamento, a família de Zé Duarte se une por uma causa cultural. A mãe, Maria dos Prazeres, 58, aprendeu na marra a confeccionar peças usadas pelos caboclos-de-lança, baianas, reis e rainhas. Com os R$ 10 mil repassados pelo Minc, foi difícil fazer algo de peso, além de saldar dívidas de anos anteriores. "Se não fosse o prêmio, dificilmente teríamos as condições de agora para seguir em frente, era muita dívida. Teve gente que até nos ameaçou, foi muito ruim", explica Maria dos Prazeres.

   Para cidades próximas, a família chega a cobrar R$ 5 mil às prefeituras por uma apresentação, montante a ser dividido entre os quase 80 integrantes quando o bloco sai completo, além de servir para zerar os custos - como bem explica a irmã Edvania Maria da Silva,professora da rede municipal e tesoureira informal do Leão das Cordilheiras.
    Hoje eles dividem as atenções em Glória do Goitá com outro premiado do Ministério da Cultura, o Maracatu Carneiro Manso, fundado em 1950 e mais conhecido fora da Zona da Mata. Depois de 15 anos parado, o Carneiro Manso voltou às atividades apenas em 2004 com o trabalho de José Rinaldo da Silva, neto do fundador Manoel Francisco Correia. E a cada aparição eles mostram que podem voltar a ser a referência cultural de outros tempos, não apenas em Glória do Goitá, mas no estado inteiro.Mestre do Leão das Cordilheiras e Nação Carneiro Manso, de Glória do Goitá, também tiveram trabalho reconhecido pelo Minc.
Fonte:Diário de Pernambuco

Nenhum comentário:

Postar um comentário